Nesta quarta-feira (1º), a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas)
completa 70 anos e permanece coberta de contradições. Se por lado,
apenas 20% do seu texto é aplicada, por outro, ela criou princípios
utilizados até hoje pela Justiça Trabalhista.
História
A CLT foi publicada em 1º de maio de 43 durante o Estado Novo, o
primeiro governo de Getúlio Vargas, marcado pelo fechamento do Congresso
e o país sob o estado de emergência. “O Brasil, naquele momento, estava
alinhado ao Eixo e não aos Aliados [durante a Segunda Guerra Mundial].
Tinha uma simpatia nazista, fascista, então a CLT é totalmente ligada às
ideias da época de Mussolini, foi criada e transcrita da Carta del
Lavoro [documento publicado em 1930 na Itália fascista para coordenar as
leis sobre previdência e assistência aos trabalhadores]”.
Desde a década de 1940 até 2013, quando os domésticos alcançaram os
direitos dos demais trabalhadores, o texto da CLT foi alterado diversas
vezes. Além da nova redação, foram criadas outras leis que regulam itens
específicos da relação trabalhista, como o recolhimento do FGTS e a
participação nos lucros, e das novas regras fixadas na Constituição de
1988.
Há ainda os diversos casos em que súmulas e jurisprudências do TST
(Tribunal Superior do Trabalho) fixaram entendimentos que devem ser
seguidas pelos tribunais inferiores. É o caso recente em que os
ministros do TST entenderam que as gestantes que têm contrato de
experiência têm direito à estabilidade, como as demais trabalhadoras.
Vícios e virtude
Com 70 anos de vida, a CLT tem virtudes e princípios importantes, que
fizem dela uma grande âncora para toda a Legislação Trabalhista. “Ela
consegue abranger uma quantidade de pessoas, que nenhuma outra lei
conseguiria, serve do mais humilde empregado ao mais alto executivo”,
diz o magistrado, ao citar o que acredita ser uma virtude da
consolidação. Para Silva, o texto foi vanguardista em vários aspectos,
como ao prever os conglomerados financeiros, a sucessão e a
terceirização.
Apesar disso, o texto ainda carrega fortes traços do período em que foi
criado, que dificultam o dia a dia de empregados, empregadores, juízes,
promotores e advogados trabalhistas em todo o país. “Um dos principais
vícios da CLT é a contribuição sindical [cada trabalhador doa um dia de
salário por ano ao sindicato da sua categoria]. Isso fez com que os
sindicatos tenham sofrido uma atrofia ao longo dos anos”.
“A CLT parece ser um retrato da sociedade brasileira, essencialmente
contraditória, arrojada em alguns pontos e irritantemente retrógrada em
outros, conseguindo a proeza de conciliar o patético e o sublime”.
(UOL)
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